Open banking, PIX, Sandbox, Moeda Digital: O que tudo isso tem em comum?
A indústria financeira brasileira não para de lançar novidades. No último ano o Banco Central implementou diversas inovações como o lançamento do PIX (pagamento instantâneo P2P), oficializou a implantação do Openbanking, lançou as regras do Sandbox e esta semana já divulgou algumas diretrizes da moeda digital brasileira, o Real Digital, que deverá ser lançada em 2022.
Que o sistema financeiro brasileiro é um dos mais modernos do mundo, todos sabemos. Por longo tempo fomos pioneiros nos pagamentos em tempo-real (TED) ao lado so sistema financeiro Francês.
Que os brasileiros são amplamente adeptos as novas tecnologias, mesmo diante das dificuldades do nível de escolaridade da população, também não é novidade.
Exatamente para melhor explorar esse perfil de fácil aceitação as novas tecnologias, o Banco central tem se empenhado em aderir as mais disruptivas tecnologias com o foco de incrementar a bancarização.
Apesar a revolução dos bancos digitais dos últimos anos, uma pesquisa do Instituto Locomotiva de Janeiro de 2021, aponta 34 milhões de brasileiros desbancarizados, ou seja, sem conta bancária ou que a usam com pouca frequência. O mesmo estudo aponta que essa parcela de brasileiros movimenta, por ano, cerca de R$ 347 bilhões, o que corresponde a 8% do PIB no país.
A pandemia acelerou o processo de bancarização quando o auxílio emergencial for distribuído através de contas digitais e aumentou o dinheiro em circulação.
A pesquisa do Instituto Locomotiva mostra ainda que os 10% de brasileiros sem conta em banco são, majoritariamente do interior, mulheres, mais jovens (entre 18 e 29 anos), das classes D e E e menos escolarizados (com formação até o Ensino Fundamental).
E onde entram o “Openbanking”,o “PIX”, o “Sandbox” e a “Moeda Digital do Banco Central” nesse cenário?
Openbanking
O Openbanking permite que o cliente compartilhe seus dados com várias instituições, facilitando o processo competitivo entre as instituições financeiras. Com isso ganhamos a melhor oferta de produtos e serviços com taxas mais competitivas.
PIX
O pagamento “Ponto a Ponto — PIX”, instantâneo e 24 horas disponível, facilitou as transações de pagamentos entre pessoas físicas, principalmente os pequenos pagamentos onde as pessoas utilizavam-se de papel moeda.
Com este mecanismo, reduziram-se as tarifas bancárias e a circulação de papel moeda.
Sandbox Regulatório
O “Sandbox” é um ambiente de testes do banco central para as instituições financeiras testarem modelos de negócios inovadores. Seja pelo uso de novas ferramentas tecnológicas ou faz uso inovador de uma tecnologia já existente de forma diferenciada. Também pode ser considerado inovador se desenvolver um produto ou serviço que ainda não é oferecido no mercado de valores mobiliários. A instituição que se propor a apresentar um modelo de negócios inovador deverá partir do pressuposto que sua solução deve promover ganhos de eficiência, redução de custos ou ampliação de acesso do público em geral a produtos e serviços do mercado financeiro.
Quais benefícios este ambiente traz aos participantes do Sandbox Regulatório:
· Teste de um projeto inovador com clientes reais;
· Monitoramento específico pela área de supervisão do Banco Central do Brasil, agregando experiência ao participante de como é trabalhar em ambientes supervisionados;
· Contato com a área de regulação do Banco Central do Brasil, podendo fornecer subsídios a eventual nova regulamentação do sistema financeiro, especificamente na área específica do seu projeto.
Esta iniciativa do BACEN, dá oportunidade principalmente para que as “FINTECHs” possam testar e validar suas soluções em ambientes com maior capacidade de simulação da realidade, permitindo assim que tenham soluções tão estáveis e seguras quanto as grandes instituições, que geralmente possuem infraestrutura de testes mais robusta que uma “startup”.
Moeda Digital Brasileira — CBDC (Moeda Digital do Banco Central, na sigla em inglês).
O BACEN divulgou recentemente as diretrizes para a criação de uma moeda digital brasileira, emitida e garantida diretamente pela instituição: uma extensão da moeda física, mas para uso no ambiente virtual. Para que não haja confusão de entendimento, é bom esclarecer que a CBDC não será uma “crypto moeda” do Banco Central.
A diferença entre uma “cryptomoeda” e as “CBDCs”, é exatamente o fato que a “CBDC” tem a garantia do Banco Central, ou seja, possui “lastro”. Já as “crypto moedas” são ativos distribuídos e sem “lastro”.
Uma das vantagens trazidas ao mercado financeiro nos países que possuem uma “CBDC”, está na evolução tecnológica da economia, o ganho de maior eficiência do sistema de pagamentos de varejo, a contribuição à criação de novos modelos de negócios e o favorecimento à integração do país no cenário econômico global, aumentando a eficiência nas transações internacionais. Além é claro, da economia de geração de papel moeda.
Como podem notar, essas iniciativas estão interligadas para permitir um maior alcance dos serviços bancários a população de baixa renda, facilitando sua inclusão financeira, e de certa forma também permitindo sua inclusão digital.
Fontes:
Desbancarizados no Brasil — https://valorinveste.globo.com/produtos/servicos-financeiros/noticia/2021/04/27/34-milhoes-de-brasileiros-ainda-nao-tem-acesso-a-bancos-no-pais.ghtml#:~:text=Dados%20de%20um%20estudo%20exclusivo,banco%20ou%20com%20pouco%20uso.
O Sandbox Regulatório, para que serve — https://exame.com/future-of-money/sandbox-regulatorio-entenda-o-que-para-que-serve/
Moeda Digital Brasileira não é Criptoativo — https://forbes.com.br/forbes-money/2021/05/moeda-digital-brasileira-nao-e-criptoativo-entenda-o-novo-projeto-do-banco-central/
