Data Literacy — Alfabetização em Dados
O conceito de “Data literacy”, foi descrito pelos professores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) Catherine D’Ignazio do MIT e Rahul Bhargava , em um artigo como a capacidade de:
· Ler dados: Entender o que significa, o que são dados e os aspectos do mundo que representam.
· Trabalhar com dados: A criação, aquisição, limpeza e gerenciamento de dados.
· Analisar dados: Envolve filtrar, classificar, agregar, comparar e executar outras operações analíticas neles.
· Argumentar com dados: Significa usar dados para apoiar uma narrativa mais ampla que se destina a comunicar alguma mensagem ou história a um público específico.
Segundo, Miró Kazakoff, que ministra cursos sobre comunicação e persuasão com dados no MIT, para ser alfabetizado em dados, “você precisa ser alfabetizado verbalmente, numericamente e graficamente”.
Por que ser alfabetizado em dados se tornou importantíssimo na era atual?
Simples, se toda a economia é orientada a dados, quem não souber interpretá-los não terá chances de sobreviver nesta sociedade.
Ingênuos aqueles que pensam que a alfabetização em dados se limita a gestão de negócios. Ela vai muito além das fronteiras dos escritórios de empresas de tecnologia ou startups “techs”.
Para viver em uma sociedade, em que o tempo todo utilizamos aplicativos que geram dados e são orientados a dados, precisamos compreende-los. Nosso entretenimento é todo baseado em dados, são canais de streamings de vídeo, de música, podcasts, redes sociais, carros autônomos, casas inteligentes, smartphones, smartwatch. Enfim, estamos cercados de dados o tempo todo, gerando e recebendo dados.
Uma pesquisa elaborada em 2020, denominada “Global Data Literacy Benchmark”, fornece uma medição abrangente da alfabetização em dados e competência de mais de 5.000 funcionários em todo o mundo. Foram pesquisadas, em 5 regiões, 14 indústrias e 9 ocupações essenciais.
O estudo fornece uma visão sobre o desafio e as oportunidades enfrentadas por todas as regiões, indústrias e ocupações.
No caso do Brasil, podemos destacar o fato do Brasil ser alvo dos maiores ataques cibernéticos nos últimos anos. Trata-se de um país onde, por um lado a população tem uma aceitação rápida de novas tecnologias, porém o nível educacional desta mesma população é muito precário e desigual.
Com isso, tornam-se alvos fáceis de diversos crimes digitais, dos mais leves até os grandes ataques cibernéticos às organizações.
Por essa razão, a alfabetização em dados tornou-se essencial desde o ensino fundamental até o nível superior de qualquer profissão.
Para compreendermos as regras das leis de proteção de dados, precisamos conhecer os riscos a que estamos sujeitos. Se não compreendermos as políticas de privacidade que aceitamos, quando acessamos diversos serviços digitais, estamos nos expondo a riscos.
Se não soubermos como funcionam os algoritmos de inteligência artificial, como eles se alimentam de dados, não teremos condições de criar planos estratégicos e muito menos códigos de ética no uso de inteligência artificial.
Para se criar leis e regras no contexto de uma era orientada a dados, juristas, políticos, acadêmicos de todas as áreas, precisam ser alfabetizados em dados.
Para criar qualquer modelo de negócio digital, o empreendedor precisa ler, trabalhar, analisar e argumentar com dados.
Sendo assim, o “Data literacy” deveria fazer parte do currículo escolar desde o ensino fundamental. Com abordagens diferentes para que o cidadão chegue ao ensino superior dominando totalmente esta disciplina.
Esta seria uma iniciativa para o longo prazo, no médio e curto prazo precisamos destes cursos de alfabetização em dados de forma dinâmica e assertiva, para toda população economicamente ativa do país.
A força de trabalho de países em desenvolvimento em sua maioria possui baixa escolaridade, fator esse que ficou mais evidente durante a pandemia, já que as funções executadas por pessoas com baixa escolaridade são em sua maioria presenciais, executadas manualmente.
Nos países desenvolvidos onde há maior nível de escolaridade da força de trabalho, o desempenho das atividades foi facilmente adaptado ao ambiente de teletrabalho.
Com isso o impacto do desemprego para população com baixa escolaridade foi muito maior e a recuperação da economia na América Latina, segue incerta mesmo no pós-pandemia, conforme estudos do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Como mencionamos, não se trata apenas aperfeiçoamento profissional mas de inclusão social e segurança, pois quanto menos capacitada a população estiver quanto ao uso de dados, mais vulnerável estará aos ataques cibernéticos bem como ao desemprego, afetando toda a economia do país.
Fontes:
Site Data to the People — Data literacy benchmark 2020 — https://www.datatothepeople.org/
Site MIT — How to build data literacy your company? — https://mitsloan.mit.edu/ideas-made-to-matter/how-to-build-data-literacy-your-company?utm_source=mitsloangooglep&utm_medium=social&utm_campaign=dataliteracy&gclid=EAIaIQobChMI09ajvY7F8wIVEICRCh1hdg3FEAAYAiAAEgIkbPD_BwE
Site — Social Good Brasil- O que é Data literacy? — https://socialgoodbrasil.org.br/2020/12/15/o-que-e-data-literacy/
Site IMF — Fundo Monetário Internacional — https://www.imf.org/pt/News/Articles/2020/10/22/blog-whd-reo-october-pandemic-persistence-clouds-latam-and-caribbean-recovery
Site Gartner — A data and analytics leaders guide to data literacy — https://www.gartner.com/smarterwithgartner/a-data-and-analytics-leaders-guide-to-data-literacy