Analytics & Educação
No mundo pós-pandemia, um dos maiores desafios é recuperar as perdas na área da educação.
Estudo da UNESCO apresentado em março de 2021 apontava que quase metade dos estudantes do mundo, eram afetados pelo fechamento parcial ou total das escolas. Também apontava que mais de 100 milhões de crianças adicionais cairiam abaixo do nível mínimo de proficiência em leitura como resultado dessa crise de saúde.
Isso significa uma catástrofe geracional em um momento da sociedade, em que estamos migrando para era digital.
Se antes dessa crise já tínhamos uma defasagem gigante de profissionais capacitados para assumir as novas posições que surgem com a digitalização da economia e a popularização da inteligência artificial, pós crise sanitária, teremos uma defasagem ainda maior. Quase uma geração inteira não terá nem aquele conhecimento defasado que tínhamos antes da crise.
Mas como poderíamos utilizar as ferramentas de tecnologia disruptiva para romper esse ciclo nada virtuoso que nos assombra?
O primeiro passo é conscientizar governos e sociedade civil, de que este não é um problema apenas de países pobres ou de pessoas pobres. É um problema da economia global!
E por ser um problema da economia global, é um problema de todos nós que vivemos no planeta Terra.
Sendo assim, todos devemos pensar e agir para reverter esse cenário.
Na minha visão de quem atua na área de dados, vejo o “Learning Analytics” como um instrumento a ser utilizado nesse processo de reverter as perdas educacionais.
O “Learning Analytics” trata a “medição, coleta, análise e geração de relatórios sobre os alunos e seus contextos”. O objetivo aqui é compreender e otimizar a aprendizagem e os ambientes nos quais ela se dá.
Assim essa ferramenta de análise pode ser utilizada para os rastros digitais produzidos pelos alunos nos ambientes de aprendizagem, gerando informações sobre o progresso e os padrões de aprendizagem destes alunos.
Com essas informações, os educadores poderão prever, intervir, personalizar e adaptar, o conteúdo acadêmico, além de sugerir reformulações do curriculum acadêmico atual.
É obvio, que para utilizar as vantagens das análises preditivas (Predictive Analytics) e comportamentais (Analytics Behavior), a capacitação dos professores e coordenadores educacionais deverá ser contemplada.
Atualmente, possuímos várias ferramentas destinadas a gestão educacional, porém estas permanecem pouco utilizadas, devido a vários desafios relacionados ao envolvimento e aceitação das partes interessadas, a base pedagógica fraca, questões de ética e privacidade, além de demanda de recursos de infraestrutura, financeiros e de pessoal capacitado.
Porém, se paralisarmos diante das dificuldades, elas só seguirão crescendo exponencialmente. Precisamos começar pelo básico, que é levar conectividade às regiões onde estão as pessoas em situação de maior vulnerabilidade.
Sem conexão, sem energia elétrica, não fazemos nada no mundo digital.
Um segundo passo, que pode caminhar em paralelo, é o letramento digital.
Capacitar professores, orientadores, o maior número de pessoas adultas no que tange a utilização de recursos digitais com maior proficiência.
Na pandemia, várias empresas disponibilizaram acesso a ferramentas de colaboração gratuitamente para escolas de ensino fundamental em diversos países. Porém os educadores das escolas públicas sequer sabiam acessar essas ferramentas. Como eles poderiam então transmitir conhecimento através de ferramentas que não sabem usar?
Letramento digital é capacitar a população em geral no que tange a utilização correta das ferramentas que já existem e estão disponíveis a eles, mas que eles não sabem para que servem.
Com esses dois passos, certamente já estaremos construindo um caminho para utilização de instrumentos poderosos da tecnologia para transformar nossa sociedade.
Fontes:
Site UNESCO — https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse
Site Solar Research — https://www.solaresearch.org/2021/03/learning-analytics-3-challenges-and-opportunities/
Site Analytics Insight — https://www.analyticsinsight.net/7-dramatic-impacts-of-big-data-on-education/
