A transformação Digital chegou ao C-Level.

Janete Ribeiro
5 min readSep 10, 2020

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Quem é quem na era COVID-19?

Fonte: desconhecida

Que estamos no meio da maior pandemia dos últimos 100 anos não é novidade para ninguém. Que esta pandemia deu um super empurrão na transformação digital, também não é novidade, mas algumas posições que já apareciam antes da pandemia começaram a tomar relevância e deixaram de ser só mais uma caixinha no organograma.

Estamos falando das posições executivas das empresas, o denominado “C-level”, devido aos títulos em inglês sempre iniciados por “C” de “Chief”, “Líder de alguma área”.

Os mais conhecidos deste nível são:

· “CEO — Chief Executive Officer”, normalmente é o presidente da empresa;

· “CFO — Chief Financial Officer” o Diretor Financeiro;

· “CMO — Chief Marketing Officer”, Diretor de Marketing;

· “CIO — Chief Information Officer” o Diretor de Tecnologia da Informação;

Mas nos últimos anos surgiram outros nomes no mercado, tais como:

· CTO — Chief Technology Officer;

· COO — Chief Operations Officer;

· CDO — Chief Data or Digital Officer;

· CSO — Chief Security Officer;

Mas porque estamos falando sobre esse tema? Vínhamos falando das carreiras em ciência de dados e de como esta disciplina se tornou fundamental na estratégia de negócios de qualquer setor da economia. Então, sendo a ciência de dados fator fundamental para tomada de decisão todo o processo de gestão das empresas precisa ser readequado a esta nova realidade, logo o nível de gestão precisou se reinventar para aderir aos novos rumos da liderança e estratégia de negócios.

A transformação digital passa por todos os departamentos e antes estava a cargo da área de Tecnologia da Informação a implementação destas mudanças. O CIO era o líder máximo para definir por onde e como começar, porém as áreas de negócios, como Marketing (CMO) foram as primeiras a adotar os canais digitais e utilizar dados para tomada de decisão (ciência de dados, IA). Muitas vezes as iniciativas de inovação e implementação das estratégias digitais estavam sendo lideradas pelo CMO sem participação do CIO, e a continuidade dessas ações bem como a segurança ficavam sem continuidade, já que o CMO olha apenas para sua área, o CIO tem o devem de olhar por todo o negócio, mas não era envolvido.

Surgiu então o CTO, que nas empresas menores faz o papel de CIO, olhando para a infraestrutura toda de tecnologia da informação e sua continuidade, mas também buscando novas soluções para as áreas, com uma postura mais proativa, algumas vezes desenvolvendo novas tecnologias para apoio das áreas.

Já o COO, veio para ser o braço direito do CEO, observando toda área operacional da empresa, mas com olhos voltados a melhoria contínua e inovação. O COO por exemplo, deve conhecer bem todos os processos estratégicos da empresa, criar indicadores de performance e buscar continuamente a melhoria e produtividade. Geralmente o COO é quem se encarrega dos projetos de Inteligência Artificial, exatamente para otimizar produtividade e custos.

O CDO, pode ter dois significados: Chief Data Officer, que seria o responsável pela gestão de dados da empresa, ou Chief Digital Officer, que seria o responsável para transformação Digital da empresa. Quando falamos de ser responsável pela gestão de dados, quase que intrinsicamente está sendo responsável pela transformação digital, haja vista que não há canal digital sem dados. Mas em algumas empresas o CDO é unicamente responsável pela coleta, ingestão, tratamento, armazenamento, distribuição, segurança e destruição de dados. Isso ocorre em empresas que tem uma cultura digital já estabelecida e os dados são mesmo sua matéria-prima de negócios, por exemplo um site de e-commerce, uma Fintech, etc.

Mas em empresas que ainda tem muitos processos analógicos, o Chief Digital Officer, se faz necessário, pois o CIO estará envolvido com manutenção do ambiente atual e o CDO será o braço dele para o processo de evolução, transformação da infraestrutura e processos para o novo ambiente.

Já o CSO, surgiu com força após a implementação das leis de proteção a dados, pois a segurança da informação passou a ser um requisito legal (todas leis de privacidade vigentes no mundo exigem um responsável legal pela segurança de dados). O responsável legal será o DPO (Data Protect Officer), porém o CSO da empresa é quem será responsável por instruir e criar processos de segurança da informação como um todo. O DPO tem foco apenas em atender as regras estipuladas pelas leis, pode ser um consultor externo, um advogado que dará instruções a equipe de segurança da informação (área do CSO) de como implementar esses processos.

Fonte: Shutterstock

Como podem ver, estrategicamente os perfis de liderança mudaram devido a grande transformação digital e a orientação a dados. O que podemos imaginar é que a figura do CIO aos poucos vá se transformando em um misto do que hoje denominamos COO, CDO, CSO. O papel de viabilizador operacional de processos através de meios computacionais que exercia anteriormente o CIO, mudou.

A tecnologia da informação já não é apenas um meio, mas a matéria prima para gerar negócios. Logo o especialista em inovação e novas tecnologias será o parceiro estratégico do gestor da empresa (CEO) , o novo CIO terá no seu cotidiano as funções do COO, CDO, CTO e CSO acumuladas em muito pouco tempo. Aquela imagem antiga do CIO que seguia cronogramas de implantação com longos prazos e tinha como principal missão, manter a rede e aplicativos funcionando, não terá mais espaço.

O novo normal coloca o líder de tecnologia como um estrategista que tem que ter uma visão ampla de mercado, concorrência e inovação. A rotina de manter o status quo, já não existe, sendo assim, no mundo V.U.C.A.¹ não temos por que tentar manter isso.

Empresas, governos e todos setores da economia precisam cada vez mais de profissionais com habilidades para lidar com mudanças e tecnologia, no próximo artigo falaremos mais de tais habilidades.

¹ V.U.C.A. é uma sigla em inglês, formada pela primeira letra das palavras: Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).

Fontes:

· Site Techopedia — https://www.techopedia.com/definition/13928/c-level-executive

· Site CEO today — https://www.ceotodaymagazine.com/2019/10/digital-transformation-must-be-driven-by-c-level-executives/

A autora:

· Embaixadora da Stanford University para o projeto Women In Data Science — WIDS;

· Voluntária Grupo Mulheres do Brasil;

· Especialização em Gestão de Dados (CDO Foundations) pelo MIT — Massachusetts Institute of Technology — EUA;

· Mestrado em Adm. Empresas pela FGV;

· Graduada em Adm. Empresas pela FAAP;

· Professora Universitária no SENAC para os cursos de Pós-Graduação em BIG Data e Gestão do Conhecimento e Inovação e para os cursos de graduação a Distância do SENAC;

· Autora dos livros:

-A Atuação do Profissional de Inteligência Competitiva, Publicit, 2015

-Pesquisa de Marketing, Série Universitária, SENAC, 2017

· Liderança/Participação em Comunidades Digitais: Women In Blockchain, ABINC Data & Analytics, FINTECHs & Newtechs, Marco Civil IA

· Empreendedora na Consultoria estratégica Analytics Data Services;

· Atuação como executiva nas áreas de planejamento estratégico de marketing e gestão e governança de dados em empresas como Unisys, Teradata, Santander, IBM dentre outras

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Janete Ribeiro
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Written by Janete Ribeiro

AI/ML Specialist, Chief Data Officer Certified by MIT, MsC Business Administration, SENAC University Professor

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